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Querido John (Green)

 

Nem batom, sapato ou esmalte. Minha obsessão recente é outra.

Não lembro como começou, só sei que veio forte. Fazia muito tempo que um autor não prendia tanto minha atenção e, olha a ironia, isso foi acontecer agora, com John Green, que é meio que rotulado como um escritor para jovens adultos.

Rótulos a parte, o que me conquistou na escrita dele foi uma característica que eu só posso comparar à das piadas internas, sabem? Quando uma expressão ou contexto só fazem sentido pra um determinado grupo de pessoas e quando qualquer outro passante desavisado ouve, fica com a impressão de que aquilo não tem graça nenhuma. Mas a turma, ah, a turma entende. E ri à beça. Ou chora. Ou começa a pensar.

Aconteceu de A Culpa é das Estrelas virar best seller, porque as pessoas tem o estranho hábito de comprar tudo que está vendendo muito e a coisa continua vendendo muito porque todos mundo está comprando e assim nascem as grandes discussões (o que na web acaba virando um tédio sem fim). De repente todo mundo estava lendo e, enquanto alguns sentiam que alguma coisa tinha sido cutucada bem lá dentro, outros tantos ficaram com aquela sensação de what the fuck, o que tem demais nesse livro??? Nesse livro e em todos os outros do autor, que passaram a vender rápido como pão quente.

Os livros de John Green não tem nada demais. Pelo contrário, a linguagem é coloquial, não tem absolutamente nada de rebuscada e as tramas são simples, com reviravoltas surpreendentes – como toda reviravolta deveria ser. Nada demais. Quer dizer, nada demais se você não ler as entrelinhas. E é aí que entra a questão “piada interna” que eu falei antes.

Sabe aquela sensação que você sentiu quando alguém te disse uma coisa (muito boa ou muito ruim), que te pegou de surpresa e tirou a fala? Daquelas que a resposta ideal brota na sua cabeça dois dias depois e você se remói “por não ter pensado/dito isso na hora”. Isso está nas entrelinhas.

Sabe aquele sentimento que te acertou a boca do estômago e você não teve tempo de anotar a placa do caminhão que levou seu amor, sua esperança e sua fé na humanidade? Está nas entrelinhas.

Sabe quando uma coisa que você gosta muito quebra, mas você já é grandinho pra chorar? Quando você quer dizer algo e deixa pra amanhã, só que o amanhã nunca mais chega? Sabe aquele abraço que você não deu sem saber que não teria outra oportunidade. Tu-do-nas-en-tre-li-nhas.

Os livros de John Green não são romances no sentido literal da palavra, mas todos eles são sobre emoções. Boas, ruins, óbvias, escondidas. Todos são sobre pessoas, que poderiam ser eu ou você.

Se é que eu posso dar um palpite sobre a razão de algumas (muitas) pessoas não entenderem esse sucesso todo que os livros estão fazendo, eu diria que é porque nenhuma das histórias é fantástica. Elas são reais, quase tangíveis, dá pra reconhecer seu vizinho ali. E a realidade é uma coisa abundante demais para atrair o sucesso, né? De real basta minha vida, por isso quero mais é me acabar na novela! (rsrsrs) É isso, a realidade parece banal se a gente não lê as entrelinhas. Aliás, fica aqui uma dica da Tia Vivi: não banalize a sua vida, passeie também pelas entrelinhas. Seja um bom protagonista.

Ah, tá… nunca é tarde pra dizer: se você não dormia (em todas) as aulas de Filosofia, também vai encontrar conteúdo escondido na trama principal. Até na nossa vida mesmo, se a gente não dorme no ponto, também é capaz de encontrar mais conteúdo, ‘cês sabem.

Tem mais: John Green é um fofo. (já tem mulher, filho e um bigodinho meio hypster que aparece vez em quando, portanto, apaixonem-se apenas pela leitura, por favor hahaha)

Além de escritor ele também é vlogger e taí uma das razões que fazem o público se sentir tão a vontade. Acessível, te responde nas redes sociais fácil, fácil. Semana passada vi uma postagem dele pedindo uma jaqueta muito específica (acho que de Universidade, não lembro bem) emprestada, provavelmente para algum filme/vídeo (A Culpa é das Estrelas, talvez), via Facebook.

E eu não poderia fazer um post sobre John Green e não citar os Nerdfighters. Eu fui fisgada por eles com um bilhetinho num livro, mas vocês podem saber mais aqui.

Também acho que não tem problema nenhum em não gostar dos livros do autor X, seja  J. Green ou qualquer outro best seller. Coisa mais chata do mundo é a pessoa não se identificar e ficar questionando a identificação alheia! Tem cabimento uma coisa dessas? Cada um tem suas vivências, suas expectativas, seu filtro. Gostou, gostou; não gostou, passa pro próximo. E a vida continua.

Os livros publicados no Brasil são:

A Culpa é das Estrelas

O Teorema Katherine

Quem é Você, Alasca?

Will & Will

Cidades de Papel

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