Já tentou se colocar exatamente no lugar de outra pessoa? (daí a expressão in your shoes; algo como calçar seus sapatos)
“Um Encontro de dois: olhos nos olhos, face a face. E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus; E arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus; Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus.”
(J.L.Moreno)
Todo mundo tem seus momentos. E por momentos quero dizer momentos difíceis.
Se existe alguma igualdade entre os homens, é esse o nível: ninguém escapa da felicidade, assim como também não escapa da dor. Em maior ou menor grau, por um segundo ou uma vida, essas circunstâncias sempre nos atravessam.
Felicidade.
E Dor.
A gente sabe como lidar com a felicidade, mas os momentos de dor tem algo de proibitivos. Dor não é conversa de sala de estar. Fazemos o possível pra que sejam breves e prontamente soterrados nas profundezas do tempo passado. Quando casar, sara. Vai com o tempo e coisas assim, que a gente aprende pra anestesiar.
Só quem já sofreu sabe que tragédias não são mensuráveis, pelo menos não no sentido de comparação. A gente não pode dizer que o sofrimento de quem perdeu um irmão é menor do que aquele de quem perdeu 14 membros da família. É sofrimento, dor, perda. Dói e não cabe a nós colocar uma régua de relevância nessa dor. Nenhuma dor é maior do que a minha, assim como a minha não se compara a de ninguém.
No cinema, quando o mocinho mata o vilão, o ator é preso em seguida por homicídio? Não, né. Porque a atuação é isso, cena, arremedo. Imitação da vida real. Será então que é necessário que cada um de nós perca um membro da família, uma casa; perca tudo, pra finalmente entendermos a gravidade da situação?
Será que é tão difícil assim fechar os olhos por alguns minutos e calçar os sapatos daquelas pessoas que estão agora, nesse exato momento, com a vida suspensa em um hiato de tempo; sem horizonte, sem saber nem mesmo por onde recomeçar? Feche os olhos e perca tudo, só por alguns minutos. Tudo. Bens. Pessoas. Aquilo que você conhecia como Futuro. Perca.
Dói.
Agora, por favor, um apelo. Em posse da dor que essa imagem te causou, envolvido nesse desespero, ainda que momentâneo, faça alguma coisa real, tangível, para ajudar. Compre água, bolachas, fraldas, remédios. Não importa quanto, apenas faça o que você puder.
Estamos vivendo paralelamente a uma calamidade e é tão inconcebível e inapropriado que a gente simplesmente siga a vida sem dar um pouco a mais do que o normal, sem fazer um esforço extra nessa situação. Lamentar não basta, gente. Agora não.
Vamos partir para os atos concretos, por favor. Pensem que a vida de milhares de pessoas jamais será a mesma. Vamos fazer o humanamente possível pra diminuir essa dor. Tantos, tantos orfãos… Uma geração inteira, como não pensar nisso?
Nos comentários DESSE POST há apelos também pelos animais. Pensem na quantidade de animais sem dono! Onde colocar, como alimentá-los? Como controlar doenças?
É um momento trágico, sério e de dimensões que nunca vimos. Vamos deixar nosso microcosmo pessoal em segundo plano por alguns instantes.
Vamos fazer alguma coisa?
Criei um album aqui no Flikr do Pop com as fotos que a Ana Claudia enviou, dos bichinhos no Galpão, em Teresópolis. Toda ajuda é em vinda e quem puder ir além, as adoções são super necessárias nesse momento.