No fundo já sabia que teria que escrever sobre isso um dia. Sentia mesmo que esse momento estava próximo.
Chegou.
Tô cansada, gente.
Comecei a blogar sem saber que estava blogando, há muito tempo atrás. Falava do que queria, quando queria, da forma que me apetecesse. Algumas pessoas liam, respondiam, concordavam, discordavam e a vida continuava, porque ninguém tinha que ganhar campeonato mundial de popularidade, bater recorde de seguidores e muito menos se preocupar se sua opinião sobre o gosto do batom X poderia ofender uma admiradora mais apaixonada pela marca. A vida era simples e boa, porque as pessoas não se exaltavam por esse tipo de coisa, acreditem.
Hoje não tenho mais vontade de nada. Gasto mais tempo pensando em uma forma tão imaculadamente imparcial de escrever que acabo perdendo a única coisa que interessa em um blog, que é o tempero pessoal de quem escreve. No caso eu.
Sabe o que é isso, sentir que aquilo que você produz é estéril, que não carrega um traço próprio e seu, pra não ‘parecer tendencioso’ ou, vamos chamar pelo nome que todo mundo conhece, jabá?
Em algum momento quando os blogs viraram uma febre, assumo pra vocês, eu também contava clique. Acompanhava visitação, pensava em como manter e aumentar a audiência, entrei nessa loucura de cabeça. Até que a gente cresce e percebe que o mergulho provocou um traumatismo na nossa personalidade (?!) e que estávamos vivendo de mímica e repetição, sem aquela sensação quentinha no peito, de quem está vivo.
Começa a perceber que existe um limite muito sutil entre continuar fazendo um blog, no sentido mais literal, no conceito original, que é uma página com conteúdo pessoal, que expressa, SIM, a opinião de quem escreve OU partir para o lado mais voltado para a informação, aquele que divulga fatos & fotos de modo imparcial, coisa que a mídia oficial faz muito bem, já que é dela esse papel.
Pra mudar a gente precisa se mover, certo? Se estou em um lugar e quero ir para outro, tem um caminho que preciso percorrer. No momento que me senti infeliz no lugar onde estava, fazendo as coisas do modo que estava fazendo, comecei a me mexer. Só que leva um tempo até chegar ao outro ponto, preciso atravessar o caminho.
Está difícil percorrer essa trajetória sem levar pedrada sem motivo.
Aqui vou ter que repetir o que disse em um comentário, há pouco. Chegamos a um ponto onde qualquer palavra publicada sobre qualquer produto é colocada em cheque e precisa ser profundamente analisada, para receber ou não o carimbo do “jabá”.
Raramente falo da minha vida pessoal na web, acho que não é necessário, não acrescenta nada aos assuntos do Pop Topic, mas nesse caso vale dizer uma coisa. Não tenho rabo preso com ninguém pra dever obrigação. Não publico a troco de mercadoria ou favor.
É meu nome que está em jogo e isso, pra mim, vale muito mais do que um produto (ou um presente. Ou uma viagem). A vida é longa demais pra que eu arrisque a única coisa que ninguém pode tirar de mim, que é minha própria identidade.
Não faço jabá. Aliás, quando o assunto é jabá é preciso saber que receber jabá é uma coisa e retribuir é outra bem diferente.
Se interessar a algum anunciante, vendo espaço publicitário e cobro em moeda corrente. É com ela que compro o que quero e gosto. O conteúdo desse blog não depende de brinde promocional.
Se recebo alguma coisa para experimentar e ela interessa ao público que sei que frequenta o blog, dou minha opinião depois de usar. Se não quiser, não dou. Não existe obrigação. A retribuição do jabá não é compulsória.
O que percebo que acontece é o seguinte: muita gente só quer barraco. Quer a crítica maldosa, quer o esculacho. Se não encontra isso, interpreta como falsidade, mentira, opinião vendida.
Gostar não dá audiência. Avacalhar, sim!
Daí pra achar que por não encontrar esculhambação por aqui é porque esse é um terreno fértil de jabá é um pulo. O que eu posso fazer em relação a quem pensa assim? Nada.
Não tenho – e nem quero ter – controle nenhum sobre o que as pessoas pensam e querem. Só escrevo e espero colaborar com quem vem aqui procurando o que posso oferecer, que é meu ponto de vista, baseado na minha vivência. Nada além disso está a meu alcance.
Não preciso estar certa ou comprar a escritura da Verdade. Não preciso provar nada nem convencer ninguém: não sou vendedora, não ganho comissão. Meu trabalho é outro, fixo, independente. Aqui só vendo uns retângulos de espaço, para banners. Minha obrigação com esses espaços é manter o blog no ar para que eles permaneçam visíveis, só isso.
Se existe hoje um mar de desconfiança em relação ao que os blogs publicam, a única coisa que me cabe fazer é continuar tentando atravessar isso, da maneira mais digna possível. Torcer para conseguir me expressar de forma a continuar contente com esse espaço e proporcionar alguma coisa positiva para outras pessoas que entrem aqui procurando por isso.
Quero muito chegar num outro ponto, onde possa voltar a me sentir plenamente satisfeita com o que estou fazendo. Mas isso não quer dizer que enquanto estou procurando esse oásis, eu tenha que ficar encolhida no cantinho, de cabeça baixa, como se fosse culpada por todas as mazelas comerciais que a patrulha dos blogs atribui aleatoriamente, escolhendo as bolas da vez para acusação.
Eu respeito vocês e só espero isso em troca.