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Coluna da Chris

Coluna Mista Chris & Vivi: Cansei de Ser Passiva

 

PopTopic lindo, de cara nova e eu aqui, também me sentindo meio de cara nova.

Autoestima não tem a ver só com a maneira que a gente se vê fisicamente. Isso não é novidade. Como é que a gente alcança a dita cuja? Eu fico pensando que existe uma linha sutil entre a conquista da autoestima e uma presunção muito patética. Não deve ser difícil confundir. Ao mesmo tempo, acho que de alguma forma a gente, quando cresce, aprende também a ver os limites.

Eu nunca gostei de autoajuda. Livros, gurus, seminários, encontros. Não gosto. Não acredito em fórmulas, e na minha cabeça, é exatamente isso que eles apresentam pra gente. Fórmulas: “desconstrua sua relação com seus pais e você vai achar a fonte da maior parte de seus problemas”. Mas, oi? Nem todas as mães são iguais, nem todos os pais são iguais. Os meus problemas podem ser frutos de outras vivências, que não as relações com meus pais.

Acho que essa viagem tem que ser solitária, sim. Porque os problemas das pessoas podem ser parecidos, mas a bagagem e os recursos para solucionar são sempre muito íntimos, inéditos, pessoais. O que me incomoda, a parte do problema que me machuca, pode nem fazer cócegas no meu vizinho. Em compensação, o que faço com um pé nas costas pode lhe parecer dificílimo, insolúvel, dolorido.

A coisa que mais me pegou nos últimos tempos foi uma constatação que hoje acho simples: qualquer problema que eu tenha é responsabilidade minha, de mais ninguém. Se alguém me perturba e tira minha calma, é porque eu deixo essa pessoa fazer isso. E daí a descobrir que isso se aplica a tudo foi um pulo.

Não é que seja fácil a gente se livrar das aporrinhações alheias. Se o seu chefe é a razão das suas dores de cabeça, pedir as contas e não ter como pagar o aluguel talvez não seja a solução. Se o problema é o marido, mais difícil ainda, imagino eu, que nunca fui casada.

Mas daí entra a tal da ponderação. O que é maior, o problema que essa pessoa me causa ou o benefício que a relação com ela me traz? Uma vez que a gente coloque as coisas na balança e consiga decidir isso, relativizar o impacto é perfeitamente possível. Não se trata de passar a aceitar passivamente o que vem de ruim, mas aprender a dar às coisas o devido peso: tá, isso é incômodo, mas é tão incômodo assim a ponto de inviabilizar a convivência ou me tornar a pessoa mais infeliz do mundo?

Se a resposta for sim, bom, daí é criar coragem e se afastar. Do chefe, do marido, da mãe, do amigo, do cachorrinho, do vizinho. Não, não é fácil. Sim, pode mudar toda a sua vida, mas essa mudança pode ser realmente necessária.

A verdade é que me deu um siricutico. EU, só eu, sou a senhora da minha vida. Ninguém tem o poder de me tirar a paz, a calma, a alegria. Se EU deixar que alguém faça isso, a culpa também será minha, e é comigo que tenho que tirar satisfações. E sei lá de que maneira, isso me deu uma estranha serenidade. Se sou eu, fica mais fácil. Se é comigo, eu resolvo. De algum jeito eu resolvo. Mas é como se eu, de repente, tivesse finalmente conseguido tomar as rédeas da minha existência.

É claro que isso não é uma fórmula, ou uma receita “para ser feliz”. Eu já disse que não acredito nas fórmulas, não disse? Mas é que me deu também essa vontade de dividir, como tenho sentido vontade de dividir todas as minhas vitórias como ser humano. Crescer é bom, mesmo quando é tardio. Cresci. Quero crescer mais, muito mais. A tal da autoestima nem imagina onde posso chegar. Sou ninja!!!

Adendo da Vivi: Essa eu senti na pele, preciso dividir também.

Muitas coisas aconteceram na minha vida, desde muito cedo. Coisas que, felizmente, não vejo acontecer nem com 1/3 das pessoas que conheço. Isso não me revolta, pelo contrário, me alivia. Ninguém deveria passar por todas as experiências que passei. Por todas? Não, ninguém. Acho que ganhei numa loteria meio torta, onde minha personalidade foi orientada para ser moldada a ferro, fogo e martelada. Sina, destino, tarô, carma, capricho dos deuses? Não sei. Aconteceu que sempre foi assim, complicado em termos de acontecimentos externos que, fatalmente, me atingiam, direta ou indiretamente, de alguma maneira particularmente forte.

Isso poderia ter me transformado em uma verdadeira vítima, pra sempre. Eu podia, eu tenho os atestados, as cicatrizes físicas e emocionais. Sério, eu poderia me vitimizar e ninguém duvidaria. Eu seria abraçada, envolvida e embalada para sempre, numa aura de coitadismo e pena.

Mas tem um aspecto na vida de cada um que esse, ah, minhas amigas, esse ninguém te ensina e, melhor ainda, ninguém tira de você aquilo que você é essencialmente. E eu sou cabreira!

Decidi assim: o inesperado me persegue? Tudo bem. Com ele eu vou lidar a cada visita. Quando aparecer, eu vejo como reagir (são tantas as circunstâncias de cada momento). Mas em todo o resto, a responsabilidade é minha. Minha.

Meu corte de cabelo deu errado? Minha culpa, não expliquei direito o que queria, não conversei o suficiente com o profissional.
Não passei naquele teste? Obviamente não dediquei a atenção que deveria.
Não tenho o reconhecimento que mereço? Provavelmente outras pessoas estão dedicando muito mais esforço do que eu para demonstrar os resultados de seu trabalho.
Tive uma decepção em nível pessoal? Criar expectativas em relação a pessoas é tão produtivo quanto tentar adivinhar os números da Mega Sena. Basta ser humano para ser imprevisível. Somos sujeitos a falhas, eu sou, por que os outros não seriam? De onde tirei a ideia de que a função de alguém no universo é me agradar?
Estou insatisfeita no trabalho? Que atitude concreta estou tomando para mudar essa situação?

E assim por diante. Eu basicamente protagonizo a minha vida, dando palpites na direção. E assumindo possíveis fracassos de bilheteria, claro.

Sabe, isso me afasta de muitas pessoas. As pessoas se afastam, na verdade. Porque em mim sobra muito pouco espaço para consolo, para pena. Meus verdadeiros amigos sabem que o que tenho de sobra pra oferecer é incentivo. Nossa, me conte sua ideia, posso colaborar torcendo, ajudando a pensar em caminhos, fazendo planos, te jogo confete, glitter, perfume! Só não espere que eu sinta dó de você. Eu te ofereço meu abraço, com um olhar voltado para o futuro, mas sou incapaz de chorar pelo passado, porque a vida não é justa.

Não tenho tatuagens aparentes na pele, mas taí uma mensagem marcada pra sempre na minha alma, na minha mente e que se reflete nas minhas ações: por mais triste que seja, a vida não é e nunca será justa. Agarrá-la pelo laço e puxar a responsabilidade pra si é o melhor (e único) conselho que posso te dar.

É libertador.


comportamento

Querido John (Green)

 

Nem batom, sapato ou esmalte. Minha obsessão recente é outra.

Não lembro como começou, só sei que veio forte. Fazia muito tempo que um autor não prendia tanto minha atenção e, olha a ironia, isso foi acontecer agora, com John Green, que é meio que rotulado como um escritor para jovens adultos.

Rótulos a parte, o que me conquistou na escrita dele foi uma característica que eu só posso comparar à das piadas internas, sabem? Quando uma expressão ou contexto só fazem sentido pra um determinado grupo de pessoas e quando qualquer outro passante desavisado ouve, fica com a impressão de que aquilo não tem graça nenhuma. Mas a turma, ah, a turma entende. E ri à beça. Ou chora. Ou começa a pensar.

Aconteceu de A Culpa é das Estrelas virar best seller, porque as pessoas tem o estranho hábito de comprar tudo que está vendendo muito e a coisa continua vendendo muito porque todos mundo está comprando e assim nascem as grandes discussões (o que na web acaba virando um tédio sem fim). De repente todo mundo estava lendo e, enquanto alguns sentiam que alguma coisa tinha sido cutucada bem lá dentro, outros tantos ficaram com aquela sensação de what the fuck, o que tem demais nesse livro??? Nesse livro e em todos os outros do autor, que passaram a vender rápido como pão quente.

Os livros de John Green não tem nada demais. Pelo contrário, a linguagem é coloquial, não tem absolutamente nada de rebuscada e as tramas são simples, com reviravoltas surpreendentes – como toda reviravolta deveria ser. Nada demais. Quer dizer, nada demais se você não ler as entrelinhas. E é aí que entra a questão “piada interna” que eu falei antes.

Sabe aquela sensação que você sentiu quando alguém te disse uma coisa (muito boa ou muito ruim), que te pegou de surpresa e tirou a fala? Daquelas que a resposta ideal brota na sua cabeça dois dias depois e você se remói “por não ter pensado/dito isso na hora”. Isso está nas entrelinhas.

Sabe aquele sentimento que te acertou a boca do estômago e você não teve tempo de anotar a placa do caminhão que levou seu amor, sua esperança e sua fé na humanidade? Está nas entrelinhas.

Sabe quando uma coisa que você gosta muito quebra, mas você já é grandinho pra chorar? Quando você quer dizer algo e deixa pra amanhã, só que o amanhã nunca mais chega? Sabe aquele abraço que você não deu sem saber que não teria outra oportunidade. Tu-do-nas-en-tre-li-nhas.

Os livros de John Green não são romances no sentido literal da palavra, mas todos eles são sobre emoções. Boas, ruins, óbvias, escondidas. Todos são sobre pessoas, que poderiam ser eu ou você.

Se é que eu posso dar um palpite sobre a razão de algumas (muitas) pessoas não entenderem esse sucesso todo que os livros estão fazendo, eu diria que é porque nenhuma das histórias é fantástica. Elas são reais, quase tangíveis, dá pra reconhecer seu vizinho ali. E a realidade é uma coisa abundante demais para atrair o sucesso, né? De real basta minha vida, por isso quero mais é me acabar na novela! (rsrsrs) É isso, a realidade parece banal se a gente não lê as entrelinhas. Aliás, fica aqui uma dica da Tia Vivi: não banalize a sua vida, passeie também pelas entrelinhas. Seja um bom protagonista.

Ah, tá… nunca é tarde pra dizer: se você não dormia (em todas) as aulas de Filosofia, também vai encontrar conteúdo escondido na trama principal. Até na nossa vida mesmo, se a gente não dorme no ponto, também é capaz de encontrar mais conteúdo, ‘cês sabem.

Tem mais: John Green é um fofo. (já tem mulher, filho e um bigodinho meio hypster que aparece vez em quando, portanto, apaixonem-se apenas pela leitura, por favor hahaha)

Além de escritor ele também é vlogger e taí uma das razões que fazem o público se sentir tão a vontade. Acessível, te responde nas redes sociais fácil, fácil. Semana passada vi uma postagem dele pedindo uma jaqueta muito específica (acho que de Universidade, não lembro bem) emprestada, provavelmente para algum filme/vídeo (A Culpa é das Estrelas, talvez), via Facebook.

E eu não poderia fazer um post sobre John Green e não citar os Nerdfighters. Eu fui fisgada por eles com um bilhetinho num livro, mas vocês podem saber mais aqui.

Também acho que não tem problema nenhum em não gostar dos livros do autor X, seja  J. Green ou qualquer outro best seller. Coisa mais chata do mundo é a pessoa não se identificar e ficar questionando a identificação alheia! Tem cabimento uma coisa dessas? Cada um tem suas vivências, suas expectativas, seu filtro. Gostou, gostou; não gostou, passa pro próximo. E a vida continua.

Os livros publicados no Brasil são:

A Culpa é das Estrelas

O Teorema Katherine

Quem é Você, Alasca?

Will & Will

Cidades de Papel

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Coluna da Chris

Coluna da Chris: Respostas

 

Respostas. Estas são a melhor parte de qualquer diálogo.
Uma pergunta sozinha não é nada. Uma pergunta respondida começa uma história – ou um texto. No nosso caso, uma nova coluna. Na última coluna, perguntei: quando foi que você deixou de se achar bonita? Como sempre, voltei todos os dias para ler as respostas, e quero aproveitar para agradecer a todas as respostas que vocês me deram em todas as colunas. As respostas, os comentários, as concordâncias e discordâncias, as histórias, elas validam a minha existência aqui no Pop Topic. As suas respostas aquecem o meu coração, emocionam e me fazem ter essa vontade louca de escrever mais e mais. Muito obrigada!

Uma das respostas àquele texto, escrita pela Marcela, conta uma história que, infelizmente, não é tão rara assim. Por coincidência, até fizeram algo bem parecido no Fantástico do último domingo: uma mãe que dizia à filha, em público, que ela era muito gorda e tinha que parar de comer. Não vou falar do quadro, porque eu o achei doloroso. O tom usado pela atriz foi cruel e, repito, justamente por ser algo que a gente sabe que acontece mesmo, machuca. Para mim, o importante ali não era ver se alguém defenderia a menina. Essas coisas acontecem, na maior parte das vezes, quando ninguém pode defender a menina. E atenção, isso não é defesa do direito ao fast food, mas sim a defesa de que as mães escolham a comida dos filhos pelos motivos certos – a saúde – e não pelos errados – a aparência e a “vergonha” que a aparência causa.

Enfim, o que a Marcela disse no fim do comentário dela foi o que me comoveu: “quando eu tiver minha filha, vou me esforçar para ela se sentir linda”. Porque isso, sabe, isso é a evolução da positividade. É quebrar com essa longa tradição de mulheres se maltratando e maltratando outras mulheres, inclusive as próprias filhas, em nome de um padrão de beleza que ninguém perguntou se a gente queria ou não.

E tudo isso me fez lembrar também de uma carta que eu li outro dia, de uma escritora chamada Kasey Edwards. Ela escreve à própria mãe, contando que se lembra que tinha 7 anos quando descobriu que a mamãe, que ela achava tão linda, era “gorda, feia e horrível”. E ela descobriu isso não olhando para a figura da mãe, mas sim porque a própria mãe contou a ela. E que menininha de 7 anos vai duvidar das palavras da própria mãe? A carta é muito bonita e pode ser lida no final do post.

O fato é que a infelicidade em relação ao próprio corpo é altamente contagiosa. Não basta elogiar as outras mulheres, dizer o quanto são lindas, apontar seus aspectos mais favoráveis: a gente tem também que abandonar o triste hábito de se depreciar. Cada vez que uma mulher diz, de forma humilíssima, que ela é feia porque está gorda, que seu cabelo é horrível, que se sente mal por ter a bunda grande, que gastaria um prêmio de loteria inteiro para fazer trocentas cirurgias plásticas e finalmente ficar bonita, esta queixosa senhora derruba cinco mulheres à sua esquerda e mais meia dúzia à sua direita.

É contagioso. Eu não tenho a menor dúvida disso, porque, como eu disse na última coluna, este foi o meu ponto de “parar de me achar bonita”. Estou sendo repetitiva, eu sei, mas vamos lá que o assunto é importante. É uma questão de responsabilidade. Espalhar ondas de insatisfação por aí não é algo que alguém faça por prazer. É involuntário e só existirá uma chance de romper esse ciclo de tristeza no dia em que todo mundo perceber o quanto colabora com a existência dele.

Passar a respeitar o seu corpo e a gostar dele, portanto, é mais do que encontrar a sua própria felicidade e satisfação. É agir também em benefício das outras pessoas, aquelas que ouvem o que você diz e que muitas vezes internalizam as mesmas dores. E passam a sofrer da mesma forma. Por contágio, por comparação, por admiração. E então?

Você pode ler a carta de Kasey Edwards aqui.

comportamento

O Elogio

 

Já perceberam como é difícil lidar com um elogio?

Quando alguém nos critica abertamente, com ou sem razão, nossa reação é imediata e automática. Boa ou ruim, uma resposta brota logo na ponta da língua!

E o que acontece quando alguém te elogia? Pior (ou melhor) em público? Não sei vocês, mas eu sou tomada por um efeito rocambole e vou me encolhendo e enrolando e derretendo e me esparramando… hahahaha E nem sou tímida, heim. Só que é verdade, nunca me sinto preparada pra um elogio. Engraçado a gente estar sempre pronto pra luta mas nunca pro afago.

Sei que isso não acontecesse só comigo, porque já vi muitos conselhos do tipo “comportamento organizacional”, orientando pra acolher o elogio, agradecer como quem sabe que fez por merecer e não ficar dando justificativas do tipo ah, imagina, foi fácil… Se for em ambiente de trabalho, claro que pega muito bem dividir os méritos com a equipe, é um jeito até de estender o efeito positivo que a gente sabe que um elogio tem.

Quando é pessoal parece que é ainda mais difícil. Quando dizem que o vestido é bonito a gente solta logo um “isso? liquidação!”; “esse cabelo? aff, deve ter sido o vento”; “meu rosto??? sinto muito, você precisa de óculos, tô um trapo”.

Difícil, né? A gente se empenha tanto em fazer o melhor, se apresentar da melhor forma possível, se sentir bem e, quando isso é reconhecido por alguém… Trava! Mas isso tem remédio e compartilho aqui o que já aprendi.

Então, recebeu um elogio?

Acredite e aceite.

Agradeça.

E retribua, sincera e espontaneamente, sempre que achar que alguém merece. Essa atitude simples pode  melhorar o dia cinza de alguém, além de não custar absolutamente na-da, nem tempo.

Sabe do que mais? É o tipo de coisa que sempre retorna. Em dobro. Porque é bom.

Quero mandar um elogio especial pra Maraisa, A Linda. Que, sem nem saber, ajudou a deixar mais colorido um dia meio cinza.


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