Coluna da Chris

Coluna da Chris: Uma Carta

 

A coluna desta semana não é bem uma coluna. É literalmente uma carta. Para uma mulher que, como tantas neste momento, tem dúvidas sobre a sua vida, o seu casamento, o que realmente quer fazer. E, justamente por isso, essa carta pode interessar a muitas mulheres além da destinatária. Mulheres casadas, solteiras, que conhecem outras mulheres que talvez estejam vivendo dilemas parecidos ou diferentes, enfim: mulheres de verdade, que a gente ama, com quem a gente troca ideias, que a gente só deseja que sejam felizes. Sejam felizes, sejamos felizes.


Querida X

Eu disse que ia escrever uma carta, porque o mesmo álcool que traz ideias verdadeiramente geniais sobre problemas e soluções também embota a capacidade de ouvir. É fácil resolver os problemas do mundo, sabe? Difícil é resolver os nossos.

Em primeiro lugar, eu queria te dizer que eu admiro o fato de você ser uma pessoa capaz de não apenas dividir o que te aflige, mas de escutar as respostas que as pessoas te oferecem sem se ofender. Eu te admiro por outras coisas também, e espero já ter expressado isso claramente em muitas ocasiões nesta nossa longa caminhada como amigas, como irmãzinhas que sempre fomos.

Um dia, quando conversávamos sobre casamentos e separações, falamos sobre o peso de uma aliança na mão esquerda. Ter uma aliança, ser casada, ainda é, para consumo externo, um bem de grande valor. Mesmo se a coisa não vai bem. Mesmo se a coisa for muito ruim. Você gosta de imagens, impressões, aparências. Você gosta de mostrar o focinho, e gosta que as pessoas te vejam poderosa. Gosta do status de mulher casada.

Não tem nada de errado em gostar de ser casada. Errado é ter mais apreço pelo status do que pela situação. Mas depois das nossas últimas conversas, eu não acho que seja esse o caso. Acho que o que está acontecendo é ligeiramente diferente.

Eu sei que as coisas não estão sendo como deveriam ser. Sei o quanto isso pode ser angustiante e o quanto você deve ficar com a sensação de que não é justo. Não é justo porque você é casada com um sujeito que seria perfeito para você, não fossem estas duas ou três coisinhas que não são como deveriam ser.

E daí a impressão mais forte que eu tenho é a de que o que está te prendendo não é o status, mas sim a vontade absurda que você tem de manter a situação. Apesar das coisinhas que faltam ou sobram. Porque você gosta de ter esse cara perto de você, cuidando de você, cuidando das coisas para você, mantendo a sua casa alegre, iluminada, aquecida. É quase como se você por algum motivo tivesse concluído que o certo seria se separar, embora não seja esse o seu desejo. E que seja esta a grande questão em que você se debate agora: o que quer, o que deveria querer.

Eu preciso te dizer que o certo é tentar ser feliz. Estabelecer limites, sim, e metas. Cobrar do outro que melhore o que não está bem, e também se permitir ser cobrada. De igual para igual, jogando limpo, com as cartas na mesa, mas sem se colocar sob o jugo do desejo do outro: se ele quiser assim ou assado, eu fico ou vou.

Você tem a faca e o queijo nas mãos. Só precisa decidir o que fazer com eles. Não pense que casamento é matemática, porque não é. Nenhuma relação humana é. Pondere, pese, leve tudo em consideração, o bom e o ruim. E decida por você, só por você, não pela sua imagem e nem pelo que se espera que as mulheres façam em determinadas situações.

Ser casada não te faz mais ou menos poderosa. Só você pode dizer se te faz mais ou menos feliz. É esse o caminho, baby. E, por favor, por tudo que é mais sagrado, tome cuidado com o vinho. Eu me preocupo com você.

Beijos,

Chris


7 comentários

  1. Vc é uma pessoa genial!!!!! parabéns

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  2. Oh, querida! Obrigada 🙂

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  3. adriana bastos disse:

    Independentemente do estado civil, o importante é ser feliz. Parabéns, Chris por sua sensibilidade

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  4. "Eu me preocupo com voce". Posso compartilhar essa frase na carta? bj, bj.

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  5. Adriana Bastos disse:

    Cade eu ai Anna Christina Saeta? Gostaria de ver registrado meu encantamento pela sua sensibilidade. Aonde foi parar …

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  6. Tá lá embaixo, Dri, querida. Beijo

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